Este tipo de câncer tem origem na medula óssea e afeta as células de sangue, trazendo uma série de sintomas relacionados a infiltração da medula óssea, como anemia, sangramentos e infecções de repetição.
A leucemia é um dos tipos de câncer mais comuns em homens e em mulheres, com 11 mil novos casos estimados entre 2020 e 2022, segundo dados do INCA(Instituto Nacional do Câncer).
O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento de sucesso e, por isso, conhecer os sinais de alerta dessa doença é muito importante.
Esse é o objetivo por trás da campanha Fevereiro Laranja, que busca conscientizar as pessoas sobre a leucemia e, também, a respeito da importância da doação de medula óssea para o tratamento.
Recentemente, o assunto ganhou ainda mais notoriedade com o diagnóstico de Fabiana Justus, que revelou ter descoberto uma leucemia mieloide aguda, um dos tipos mais graves da doença.
A seguir, entenda o que é leucemia, seus principais sintomas, como é diagnosticada e por que a doação de medula óssea tem um papel fundamental no tratamento.
O que é leucemia?
A leucemia é um tipo de câncer que envolve as células sanguíneas, principalmente os glóbulos brancos, mas podendo afetar também as plaquetas e os glóbulos vermelhos.
Esse câncer tem origem na ‘fábrica do sangue’, que é a medula óssea. Essa ‘fábrica’ adoece e começa a produzir um tipo de célula tumoral que ocupa espaço na medula, os blastos, fazendo com que as células normais não sejam produzidas adequadamente.
Existem diferentes tipos de leucemia, que podem ser classificados em LEUCEMIA AGUDA e LEUCEMIA CRÔNICA, também, pelo tipo de célula acometida pelo câncer (linfoide ou mieloide). Os principais tipos de leucemia são:
Leucemia Linfoide Aguda: mais comum em crianças e possui rápido desenvolvimento;
Leucemia Linfoide Crônica: mais comum em adultos, principalmente a partir dos 50 anos, e seu crescimento é mais lento;
Leucemia Mieloide Aguda: é mais comum em adultos e tem crescimento rápido;
Leucemia Mieloide Crônica: caracterizada pela produção excessiva de glóbulos brancos maduros, sendo mais comum em idosos.
Quais são as causas da leucemia?
Ainda não existe uma causa definida para a leucemia, mas fatores genéticos e ambientais podem influenciar no desenvolvimento da doença. Assim como outros tipos de câncer, a leucemia surge devido a mutações no DNA, que podem ocorrer de maneira espontânea ou por influência de fatores externos, como exposição à radiação ou a substâncias cancerígenas.
O que nós sabemos é que acontecem mutações e alterações genéticas nas células da própria ‘fábrica do sangue’. Quando fazemos uma investigação mais refinada, identificamos que algumas dessas alterações genéticas vêm de origem familiar, enquanto outras são alterações adquiridas ao longo da vida.
Entre os principais fatores de risco externos para o desenvolvimento de leucemia estão o tabagismo, a exposição à benzeno (encontrado na gasolina), à radiação ionizante (presente nos raios X e gama), quimioterapia e exposição a agrotóxicos.
Principais sintomas e sinais de alerta
Os sintomas da leucemia ocorrem devido às alterações que a doença causa no sangue. O fato das células doentes ocuparem a medula óssea acaba interferindo na produção das células normais. Então, os glóbulos vermelhos começam a diminuir e isso causa anemia, a anemia leva a sintomas como:
Fadiga;
Falta de ar;
Palpitação;
Dor de cabeça;
Fraqueza;
Palidez.
A leucemia também interfere na produção de plaquetas, o que pode aumentar as chances de sangramentos, já que essas células estão envolvidas no processo de coagulação do sangue. Quando elas estão muito baixas, é possível notar hematomas frequentes, sangramento na gengiva e aparecimento de pequenos pontos roxos na pele, as petéquias.
Por fim, a diminuição na produção de glóbulos brancos, responsáveis pela defesa imunológica, aumenta o risco de infecções, que podem evoluir rapidamente para um quadro grave. Por isso, pessoas com leucemia podem ter infecções recorrentes.
Quando esses sintomas começam a ser recorrentes ou não possuem uma causa identificável, é preciso buscar ajuda médica, o hematologista deve ser consultado. Quando há uma anemia inexplicável, uma alteração dos glóbulos brancos associados ou não com infecções graves ou plaquetas baixas no exame de sangue, não há dúvida que, neste momento, é necessário procurar o médico hematologista.
Como é feito o diagnóstico?
O principal exame que ajuda no diagnóstico da leucemia é o hemograma completo. Quando seu resultado está alterado, com anemia, plaquetas baixas, aumento ou redução de leucócitos ou com a identificação de blastos (células jovens doentes) no sangue, há a suspeita de leucemia. Nesse caso, o próximo passo é realizar o exame de medula óssea, em que é retirado um sangue da medula óssea para examinar as células presentes na região. Nesta coleta fazemos vários exames como mielograma, imunofenotipagem e análise citogenética convencional associado ou não a técnicas moleculares.
Tratamentos para leucemia
O tratamento para leucemia varia de acordo com o tipo do câncer. No geral, o objetivo é destruir as células anormais para que a medula volte a produzir células saudáveis.
O tratamento pode ser feito com quimioterapia, terapia-alvo, transplante de medula e até CAR-T, dependendo do caso. As possibilidades de tratamento são:
Leucemias Agudas: indução de remissão com quimioterapia, às vezes sendo necessário consolidação com Transplante de Medula Óssea. Em alguns casos sendo recomendado CAR-T.
Leucemia Linfoide Crônica: o tratamento inclui quimioterapia, anticorpos monoclonais e drogas alvo na forma de medicamentos orais;
Leucemia Mieloide Crônica: o tratamento é feito com terapia-alvo, que inibe uma proteína chamada tirosina quinase, que está envolvida no desenvolvimento desse tipo de leucemia.
Vale ressaltar que as Leucemias Agudas geralmente requerem internação hospitalar, já que possuem evolução rápida. As leucemias agudas representam indiscutivelmente uma emergência médica. É necessário que os pacientes sejam hospitalizados em locais com recursos tanto de diagnóstico, quanto de tratamento, com verdadeiras equipes multidisciplinares preparadas para cuidar dessa doença.
Quando o transplante de medula óssea é necessário?
O transplante de medula óssea também é uma possibilidade de tratamento para alguns casos específicos. Quando a leucemia tem um prognóstico ruim, ou seja, tem um alto risco de complicações graves, é indicado um transplante de medula óssea, que pode ser halogênico [feito a partir de células da medula de um doador] ou autólogo [células da medula do próprio transplantado], dependendo do tipo de doença .
O que é esta nova terapia CAR-T?
A terapia CAR-T é um tratamento inovador que usa células do próprio paciente para combater a leucemia. A sigla CAR significa "chimeric antigen receptor", ou seja, receptor quimérico de antígeno. O tratamento consiste em: Extrair as células T do paciente , modificar as células em laboratório para que elas possam identificar e combater as células cancerígenas , reintroduzir as células modificadas no paciente
A terapia CAR-T tem mostrado resultados promissores no tratamento da leucemia, principalmente na LLA mas ainda existem muitos desafios, o principal é o custo do tratamento.