Especialistas discutem assunto no INCA, em razão do Dia Mundial do Câncer.
Alimentação saudável, prática regular de atividade física, redução do consumo de bebidas alcoólicas e açucaradas, além da não utilização do tabaco são fatores de proteção contra o desenvolvimento do câncer. Todos fazem parte das recomendações convergentes entre o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer (LAC Code) e a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC).
A PNPCC (Lei 14.758) foi sancionada em dezembro e tem como principais objetivos a redução da incidência e da mortalidade dos diferentes tipos de câncer e a promoção do acesso ao cuidado integral. Também integrante da lei, o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer proporcionará o acompanhamento individual das ações envolvidas no diagnóstico e tratamento dos pacientes oncológicos.
Ainda no ano passado, no contexto da América Latina e Caribe, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) lançou o LAC Code, que também projeta reduções de incidência e mortalidade relacionadas à doença, a partir de medidas individuais e coletivas de prevenção e detecção precoce. O documento foi elaborado por 60 especialistas de entidades governamentais e ONGs entre 2021 e 2023. O INCA, em parceria com a Opas, o Hospital Albert Einstein e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, traduziu a publicação para o português.
“O Dia Mundial do Câncer visa mobilizar a sociedade no sentido de colocar a doença na agenda de saúde nos diferentes países. A intenção do INCA no evento é apresentar à população brasileira, as recentes iniciativas de prevenção e detecção precoce no país e na América Latina com o objetivo de ampliar o controle do câncer e construir alianças com a sociedade civil”, ressalta o médico oncologista do INCA Ronaldo Corrêa.
Dentre os fatores de risco evitáveis para o desenvolvimento da doença, o tabagismo é responsável por 161 mil mortes anuais de câncer no Brasil, o que representa 13% do total de óbitos pela doença. Já o consumo de ultraprocessados é o causador de mais de 57 mil mortes a cada ano pelo mesmo motivo, o que corresponde a cerca de 11% de todos os óbitos em adultos de 30 a 69 anos no País. No que se refere à ingestão de bebida alcoólica, estimativas apontam que a cada hora duas pessoas morrem por causas plenamente atribuíveis ao uso do produto. Em 2019, cerca de 17 mil casos novos e 9 mil mortes por câncer foram atribuíveis ao consumo desse tipo de bebida.
“A prevenção e a detecção precoce são estratégias listadas no LAC Code e na PNPCC que contribuem para aumentar o acesso aos cuidados do câncer. Ao diminuirmos, em médio e longo prazos, a ocorrência de casos, incluindo aqueles mais avançados, serão economizados recursos que poderão ser aplicados na garantia do acesso universal a tratamentos oncológicos efetivos para todas as pessoas que precisarem”, pontua a coordenadora de Prevenção e Vigilância do INCA, Marcia Sarpa.
O câncer ocupa o segundo lugar entre as causas mais frequentes de morte no Brasil. São esperados 704 mil novos casos da doença no País para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. Estudos do INCA projetam que se nada for feito e a tendência de aumento de casos se mantiver na mesma velocidade, a União gastará R$7,84 bilhões em 2040 com procedimentos hospitalares e ambulatoriais no SUS em pacientes oncológicos.
Campanha e evento
Este é o último ano da campanha “Cuidados para todos” (Close the care gap), organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC). Em 2022, a instituição, que reúne mais de mil organizações ligadas ao câncer em cerca de 160 países, lançou o desafio para que cada país possa encontrar soluções que contribuam na equidade do tratamento e no controle das neoplasias malignas.
Além de pesquisadores do INCA, o evento contará com representantes da Opas, IARC, do Ministério da Saúde e do Hospital Albert Einstein. A programação será transmitida pela TV INCA, a partir das 10h da próxima terça-feira.
“Sem medidas urgentes para aumentar a conscientização sobre o câncer e desenvolver estratégias práticas para lidar com a doença, a UICC estima que em 2025 deverão ocorrer 6 milhões de mortes prematuras por câncer ao ano. Justamente por isso, o papel do INCA, como instituição filiada à UICC, é sugerir e promover debates e ações de comunicação relacionadas ao tema escolhido para a data, reforçando a relevância de uma atuação nacional, regional e global”, esclarece o diretor-geral do Instituto, Roberto Gil.