Quando se fala de câncer, uma das preocupações do médico é saber sobre o histórico familiar do paciente. De fato, a ocorrência de uma neoplasia (tumor) em uma pessoa pode ter relação com uma característica genética herdada. Além disso, essa predisposição também pode ser passada para seus filhos.
Mas seria a hereditariedade um fator determinante para o surgimento de câncer em um indivíduo? É possível descobrir a probabilidade dessa incidência? Continue a leitura!
O câncer em si não é herdado, mas algumas pessoas têm características genéticas que as predispõe a desenvolver determinados tipos de câncer, e essa predisposição pode ser transmitida de pais para filhos, que é o chamado câncer hereditário.
Geralmente, a chance de um filho gerado naturalmente herdar a predisposição é de 50%; enquanto a chance de quem a herda vir a desenvolver câncer ao longo da vida varia de acordo com o gene envolvido. Isso explica porque algumas familiares desenvolvem câncer e outros não, mesmo que tenham hábitos semelhantes e morem em um mesmo lugar.
O câncer, portanto, pode ser hereditário, que é o nome dado a quando a doença ocorre por conta de uma predisposição genética da família; e não propriamente herdado, pois ele se desenvolve ou não ao longo da vida.
O material genético de uma pessoa tem uma metade herdada de cada um dos pais biológicos. Para cada gene, portanto, em geral, temos uma parte herdada do pai, e outra herdada da mãe; e cada parte é chamada de alelo.
As células se dividem durante a vida e, nesse decorrer, podem acontecer erros que precisam ser identificados e reparados ou é programada a morte celular por um processo chamado de apoptose (apoptose morte celular).
Se a pessoa herdar uma variante patogênica em um gene, mas o outro alelo estiver normal, o gene continua cumprindo sua função. Durante a divisão das células, contudo, pode acontecer uma mutação justamente no outro alelo do gene, e é como se houvesse uma perda no “backup”, ou seja, o gene não vai funcionar mais como deveria, e a célula fica suscetível a acumular vários outros erros.
Outra forma de se desenvolver tumores sem ser relacionada à predisposição herdada é quando genes responsáveis pela proliferação celular funcionam mais do que deveriam – a chamada transformação de um proto-oncogene em um oncogene, que pode se dever à ação de um vírus, como é o caso do HPV para o câncer do colo do útero.
Vamos a um exemplo: a chance de uma mulher sem histórico familiar ter câncer de mama é de 12%, porcentagem que costuma variar de acordo com a literatura médica. Se ela tiver sobrepeso ou obesidade, ou for sedentária, ou beber com frequência e não tiver filhos, essa probabilidade aumenta. Se ela tiver filhos e praticar atividade física regularmente, essa probabilidade média diminui.
Para quem tem uma predisposição herdada para desenvolver câncer de mama, essa probabilidade inicial já é maior, mesmo sem estar aliada a outros fatores. Para a mulher que tem a mutação no gene BRCA1, que é o que mais aumenta a chance de ter câncer de mama, essa probabilidade sobe para até 87%, podendo ser diminuída um pouco de acordo com os hábitos da pessoa, como exemplificado anteriormente.
Dependendo de qual é a variante genética encontrada, do histórico da pessoa e da sua família, o médico solicitará exames mais precoces, mais frequentes e em intervalos mais curtos; ou até recomendará cirurgias preventivas, quando a probabilidade for muito alta.
Na maioria dos casos, uma variante genética patogênica herdada leva à predisposição, e não à determinação de que a pessoa desenvolverá determinado tipo de câncer. Existem medidas médicas recomendadas que podem evitar o desenvolvimento da doença ou proporcionar um diagnóstico mais precoce, com melhor chance de cura.
Câncer hereditário é aquele que aconteceu por predisposição genética herdada. Pode ser diagnosticada com câncer, sua filha não, mas seu neto sim, por se tratar de uma predisposição, e não de uma determinação para o desenvolvimento da doença, na maioria dos casos.
O tumor que não é (ou não parece ser) causado por alterações genéticas herdadas é denominado “câncer esporádico”.
Conheça os principais tipos de câncer que podem ser causados por mutações genéticas herdadas dos pais:
Todo câncer envolve alteração genética nas células doentes, mas apenas alguns são também hereditários.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) afirma que 80 a 90% dos cânceres estão associados a causas externas, como mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, má alimentação, vícios e sedentarismo. Esses fatores se relacionam com alterações no DNA das células que podem prejudicar sua função.
O câncer hereditário é o que ocorre por uma predisposição genética herdada. Já o câncer genético ocorre por uma mutação nos genes de um indivíduo, mas que não é necessariamente herdada dos pais.
Resumidamente, o câncer pode estar relacionado a alteração genética presente desde o nascimento; decorrer da exposição a agentes cancerígenos, como radiação, infecções e toxinas; ou de ambos.